Se mudou de país e não atualizou a morada fiscal, pode corrigir o erro e evitar problemas com a Autoridade Tributária, inclusive com efeitos retroativos
A morada fiscal é a base de toda a comunicação entre o contribuinte e a Autoridade Tributária. Quando essa informação está errada ou desatualizada — por exemplo, após uma mudança para o estrangeiro — podem surgir sérios problemas: notificações que não chegam, erros na residência fiscal, ou mesmo tributação incorreta. Felizmente, é possível corrigir a morada fiscal com efeitos retroativos, desde que haja um erro justificável e documentação de suporte. Neste artigo explicamos quando é possível fazê-lo, que formulários usar e que documentos apresentar.
O que é a morada fiscal e porque é tão importante?
A morada fiscal é o endereço que consta no cadastro da AT (Autoridade Tributária) e que serve de referência para:
- Determinar a residência fiscal do contribuinte;
- Enviar comunicações oficiais, notificações ou avisos de pagamento;
- Definir obrigações tributárias e o regime aplicável (por exemplo, residente ou não residente).
Se a morada estiver errada ou desatualizada, o contribuinte corre o risco de não ser notificado atempadamente e de ser tributado em Portugal indevidamente, mesmo residindo noutro país.
Em que situações pode ser pedida a correção retroativa?
A alteração com efeitos retroativos da morada fiscal só é aceite quando se verifica um erro ou omissão no cadastro da AT. Por exemplo:
- O contribuinte mudou-se para o estrangeiro, mas não comunicou a nova morada fiscal;
- Houve um erro no registo interno da AT;
- A morada foi atribuída automaticamente com base em dados desatualizados.
Nestes casos, é possível solicitar que a alteração seja aplicada a partir da data real em que ocorreu a mudança, regularizando a situação de forma justa.
Como pedir a alteração retroativa da morada fiscal?
O pedido deve ser feito através do Portal das Finanças, mediante o preenchimento e submissão de um dos seguintes formulários:
1. Modelo A – Para contribuintes sem Cartão de Cidadão
- Normalmente estrangeiros ou portugueses residentes no exterior com outro documento de identificação.
- Pode ser descarregado diretamente no portal da AT.
2. Modelo B – Para contribuintes com Cartão de Cidadão
- Usado por portugueses residentes no estrangeiro que mantêm o Cartão de Cidadão válido.
- Disponível também no Portal das Finanças.

Que documentos são necessários?
Para que o pedido seja aceite, é obrigatório anexar documentos que comprovem a residência no estrangeiro na data pretendida para a alteração retroativa. Exemplos:
- Certificado de residência fiscal emitido por entidade oficial do país de residência;
- Declaração da embaixada ou consulado de Portugal no país onde reside/residia;
- Contrato de arrendamento, recibos de serviços, comprovativos bancários no país estrangeiro (como documentos adicionais de apoio, caso necessário).
Importante: A prova deve ser clara quanto à data em que o contribuinte passou a residir no estrangeiro.
Qual a base legal?
A obrigatoriedade de manter a morada fiscal atualizada consta do artigo 19.º da Lei Geral Tributária (LGT), que estabelece:
“Os sujeitos passivos devem manter atualizada, junto da Administração Tributária, a sua morada fiscal, sendo esta o domicílio fiscal para efeitos de notificações e apuramento da situação tributária.”
O que acontece se a morada estiver errada?
Se a morada fiscal estiver desatualizada:
- A AT pode enviar notificações para o endereço antigo, sem que o contribuinte tome conhecimento;
- Podem ocorrer erros no apuramento da residência fiscal, com impactos na tributação;
- Pode haver dificuldades em justificar ausência de rendimentos ou na aplicação do regime de não residente;
- Em situações mais graves, o contribuinte pode ser tributado duplamente ou enfrentar coimas e juros por não resposta a notificações que nunca recebeu.
Como evitar problemas no futuro?
Manter os dados atualizados no cadastro da AT é essencial. Sempre que:
- Mudas de país;
- Alteras a tua morada habitual (mesmo dentro de Portugal);
- Renovas documentos de identificação…
…deves atualizar a morada fiscal no Portal das Finanças imediatamente.
A alteração de morada é gratuita, rápida e pode ser feita online.
Corrigir a morada fiscal retroativamente pode evitar dores de cabeça — e até impostos indevidos. Se estiveste a residir no estrangeiro e não atualizaste os teus dados na AT, ainda vais a tempo de corrigir. Só precisas de reunir a documentação necessária e submeter o formulário correto. Atualizar a morada fiscal não é apenas uma obrigação legal: é uma proteção para que recebas todas as comunicações em tempo útil e sejas tributado de forma justa.
Perguntas Frequentes sobre Corrigir a Morada fiscal
Posso atualizar a morada fiscal online?
Sim. A alteração pode ser feita no Portal das Finanças com Cartão de Cidadão ou Chave Móvel Digital. No caso de correção retroativa, deves preencher o modelo adequado e anexar comprovativos.
A alteração retroativa é sempre aceite?
Não. Depende da análise dos documentos apresentados e da justificação para o pedido. Deve haver prova inequívoca de residência no estrangeiro na data pretendida.
A AT pode recusar a correção?
Sim, especialmente se não forem apresentados documentos válidos ou se não houver motivo para justificar a retroatividade.
Esta alteração tem impacto no IRS?
Sim. A residência fiscal determina se és tributado por todos os rendimentos (regime de residente) ou apenas pelos rendimentos obtidos em Portugal (não residente). Uma morada incorreta pode levar à aplicação errada do regime fiscal.
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A informação deste artigo não substitui a consulta de documentação e legislação oficial.
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